O povoamento da América

No final do período Paleolítico, o continente americano já era habitado por diversos povos, chamados de paleoíndios. Esses povos, de modo geral, eram caçadores e coletores que sobreviviam praticando a caça, a pesca e a coleta de frutos e raízes. Na região Norte do continente, os grupos de paleoíndios já tinham experiência na fabricação de ferramentas de pedra, e suas pontas de lança eram talhadas com grande habilidade. Eles eram especializados na caça de grandes animais, como os mamutes. A América do Sul também era povoada nessa época. A região de Lagoa Santa, no atual estado de Minas Gerais, por exemplo, era habitada por paleoíndios. O texto a seguir descreve como eles viviam.
 [...] Viviam em bandos reunidos em torno de um líder. Dominavam o fogo e tinham técnicas rudimentares de construção de utensílios de pedra lascada, como pontas de lanças e lâminas de quartzo capazes de cortar couro e carne. É possível que fabricassem cestas trançando fibras ou tiras de couro. Ao contrário do que normalmente se imagina, os paleoíndios não moravam em cavernas, e sim em locais abertos onde havia água corrente disponível [...]. Nesses locais, a vegetação farta e a presença de animais silvestres garantia uma alimentação balanceada entre vegetais e carne de caça. As cavernas eram usadas como abrigos pelos caçadores e, provavelmente, para a realização de rituais religiosos e fúnebres. Embora fossem nômades, cada grupo movia-se dentro de um território próprio, que conheciam detalhadamente — o que facilitava a busca de alimentos. Em situações especiais, os grupos de uma mesma região se reuniam para caçadas conjuntas [e] para a celebração de cerimônias religiosas [...]. ROMANI, Vinicius. O Brasil de Luzia. Os caminhos da Terra. São Paulo: Peixes, ano 12, n. 151, nov. 2004. p. 48. 

Como chegaram? 


Como podemos observar no mapa, o nordeste da Ásia e o noroeste da América estão separados apenas pelo estreito de Bering. Há cerca de 14 mil anos, essa paisagem era diferente. A temperatura era mais baixa do que hoje, e grandes áreas da Europa, Ásia e América do Norte estavam cobertas de gelo. Essa época distante é hoje chamada de Era Glacial. As águas do mar haviam baixado, deixando descoberto o fundo do estreito de Bering. Dessa maneira, o nordeste da Ásia e o noroeste da América estavam unidos por uma ponte de terra e permitia a passagem de um continente ao outro. 
Estudos realizados pela arqueóloga brasileira Niède Guidon, entretanto, comprovaram que o ser humano chegou ao continente americano há mais tempo. Ela realizou suas pesquisas no sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional Serra da Capivara, localizado no município de São Raimundo Nonato, no Piauí. Nesse lugar, ela encontrou vestígios da presença humana com mais de 50 mil anos de idade. Com base na análise desses vestígios, ela defende a hipótese de que vários grupos humanos chegaram à América em diferentes épocas, percorrendo diversos caminhos. Além das pesquisas feitas no Brasil, vestígios arqueológicos encontrados em outros países da América do Sul, como na Argentina e no Chile, têm fortalecido a hipótese defendida por Niède Guidon. A história do povoamento da América está em plena construção, e o território brasileiro é considerado por muitos pesquisadores como uma das regiões mais propícias a novas descobertas que possam nos ajudar a compreender como o ser humano ocupou o continente americano. 

Atividade 

1. Assinale a INCORRETA e justifique sua resposta. 
a) Niède Guidon e sua equipe descobriram no sítio arqueológico de Pedra Furada pedaços de carvão e de pedra lascada que teriam pelo menos 50 mil anos. Segundo ela, tais vestígios são prova suficiente da presença humana na América desde aquela data. 
b) Todos os cientistas atuais aceitam a tese de Niède Guidon de que a presença do homem na América é muito mais antiga do que se pensa. 
c) Outros cientistas, porém, não aceitaram as provas apresentadas por Niède Guidon, dizendo que o carvão encontrado por ela pode ter sido produzido por incêndios florestais e que as lascas de pedra podem ser resultado do esfacelamento das rochas; ou seja, esses materiais seriam resultado de fenômenos naturais e não da ação humana. 
d) Em 2006, porém, o cientista francês Eric Boëda comprovou que os artefatos de pedra encontrados pela arqueóloga brasileira foram feitos por seres humanos que viveram onde hoje é o Brasil entre 33 e 58 mil anos atrás. 2. Em sua opinião, qual a importância das pesquisas de Niède Guidon para a história do povoamento do continente americano? 
3. Na região onde você mora existem sítios arqueológicos? Em caso afirmativo, comente que tipos de vestígios foram encontrados nesses lugares e qual a importância deles para o conhecimento da história humana.

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